Lâminas
Os raios do sol se pondo
como lâminas banhadas em sangue
sem piedade pretexto ou pudor
dilaceram meu peito exangue
corte largo profundo e preciso
na carne apodrecida e indolor
enquanto minhas vísceras expostas
se contorcem inexplicáveis indecifráveis
sob um véu lânguido de terror…
crenças desejos e promessas
esparramam-se chão afora
expostas a mais vil das exposições
medos medos muitos medos
acolhem em seus colos meus segredos
e minha vida tão descuidadamente bem cuidada
esvai-se como o sol que se recolhe…
o alvorecer virá com o canto do galo
anunciando o dia novo que vai chegar
As palavras que não contenho em minha boca
como navalha afiada há pouco
sem piedade pretexto ou pudor
dilaceram minh’alma liquefeita
embora lúcida da iminente morte
enquanto escolho agora por onde ir…
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