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medos medos muitos medos
acolhem em seus colos meus segredos
e minha vida tão descuidadamente bem cuidada
esvai-se como o sol que se recolhe…
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Igual folhas secas a voar aos ventos
vive o violeiro a mercê de sua viola

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O futuro será consequência
da nossa alienação
ou da nossa consciência

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Gilberto de Castro Rodrigues é psicólogo,  poeta, professor, escritor e bacharel em Direito, natural de Queluzito, antiga Santo Amaro do Camapuã, MG. É autor de sete livros, sendo três deles publicados.

Leia o Perfil Livros Publicados

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ÚLTIMAS DO BLOG

Alguma Coisa, (…) Quase Toda!

foto Gilberto Rodrigues

foto Gilberto Rodrigues

Mulher, diz-me quem és
jamais te decifro
em meus versos não cabes

Mas também falar de ti
é fala que não sabes
és incógnita és sempre quase

Com posso então dar-te um nome
conter-te em meus abraços
se meus braços não te circunscrevem

Oh mulher! quem és?
O que é isso que te falta
certa falta que assim parece
uma falta que te completa
que te faz única dentre tantas
indescritível singularidade
raridade prenhe de encantos

Como posso escrever-te mulher
se sempre falta uma palavra
que completa o sentido
que de fato se escrita fosse
daria guarida ao meu encantamento
e o enigma que és
decifraria para a paz de minh’alma

Por que inibes com traços suaves
o que clama a voz da razão ?

Para que os santuários te comportassem mulher
tiveram os homens que encobrir-te
com mantos de santidade
pra que tua quase toda singularidade
fosse por instantes recoberta

Quem és tu mulher? Uma santa, uma puta,
um nada por isso tanta somente uma quase toda?

Mulher …

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DesatAdor

foto Gilberto Rodrigues

foto Gilberto Rodrigues

Pontas de laços esfacelados
enlaçam-se em minhas pernas
atam-me as mãos
entrecortam-me a voz
entrelaçam-me a alma
por este tortuoso caminho que faço
deparando-me com fantasmas e sombras
que ainda cobertos com seus véus
esgarçados e esmaecidos
circundam meus passos incertos
na certeza deste caminho

A cada passo tropeço me refaço
revejo fios que teceram nós
que emaranharam-me desde sempre
amarraram a palavra certa
que nas incertezas de mim
roubaram meu nome o único nome
pelo qual poderia alguém me chamar

Quero a voz para poder dizer-me
mas as letras que escrevem meu nome
encontram-se embrulhadas em celofane
enfeixadas cada qual num nó quase cego
a espera que os desate ainda em minha cegueira
cada qual cada um todos eles
alguns tão antigos outros só refeitos
nós perfeitos mas desfeitos facilmente
se os nomeio os desato

A dor desfeita faz-se alegria
nas pontas dos dedos
e na ponta da língua
balbucios soletram tímidos sons
banhados numa língua nova
que inova os passos os braços
a alma e a voz.

  • Data: 17 abr 2014
  • Em: Poemas
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… E O HOMEM…

foto Gilberto Rodrigues

foto Gilberto Rodrigues

A árvore não fala a vaca
assombra a sombra a porca
a cobra não fala o vento
lua riacho manso
a grama amansa o cavalo…
cavalo não fala homem…
… o Homem fala.
No princípio grita o pai
cala-se a mãe
dentre gritos e murmúrios
brota menino-homem
O pai se fala as vezes
cala-se o filho
a mãe consola
bicho-homem falante
enquanto artífice do seu destino
rompendo com os instintos
indistintos da não-palavra…
A criatura fala… Ou se cala
no silêncio inquieto
ou na cegueira incerta
e nas dobras recortadas do silêncio
constrói-se filho-homem
homem-cria incriado
lambuzado de desejos próprios
ou tantos alheios
Vaca grama a árvore
fera cobra porca
parco vento molhado riacho
o filho pelas próprias veredas
cavalga o sonho
íngreme e espinhoso
de tornar-se…
querer-lhe seu pai, o que queria?
O silêncio fala o filho, Pai!
o Pai silencia… o Pai ressuscitado, … é morto…
o filho desata-se… e fala! Fala e o Homem
estrebucha lânguido na placenta fétida… e fala…
escreve seu nome nas bordas da placenta
ressequida pelo sol amanhecido
riscando com linhas de sangue
os deslimites do seu destino.

[Gilberto Rodrigues]

  • Data: 28 mar 2014
  • Em: Poemas
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O OUTRO

foto Gilberto Rodrigues

foto Gilberto Rodrigues

Algo de verdade em mim tomou a minha mão
desenhava palavras construía versos
mesmo ante minha grande indignação

Aqueles versos um poema escrevia
um sentido indigesto delatava
e eu escrevia escrevia e chorava

Enquanto lia assustado o que revelava
ia me desvelando no atropelo de cada verso
naquele poema que me escrevia

As palavras escorriam papel afora
compondo significados insinuando sentidos
numa linguagem que por mais que não quisesse
me falava do que não sabia mas sabia

Algo de minha verdade impedia minha mão de parar
doía cada verso e com culpa eu prosseguia
lendo um poema feito a revelia de mim mesmo
e jurando que aquilo jamais publicaria

Escrevia escrevia e chorava
assustado com o que revelava cada verso
com o sentido que construíam ao me descreverem

Eu não quisera escrever aquele poema
não foram essas palavras que intencionei
mas tomou-me minha mão algo de mim
e com persistência obstinada me escrevia

Cada palavra numa linguagem que me desconstruía
revelava-me o que sempre soube
mas desde sempre eu vivia com se não soubesse.

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Construção

foto gilberto rodrigues

foto gilberto rodrigues

As palavras todas
porém uma a uma
deambulam alfabeto afora
reconhecendo as letras
que as constituíram

mesmo se iguais
constituem-se sempre únicas
porque o sentido não se repete
mesmo se de repente
seja pra dizer semelhantes coisas
porque coisas iguais
jamais existem

as letras são limitadas
contidas no contorno
do próprio alfabeto
mas conforme elas se ajuntam
nomeariam com nome certo
um desejo nem sempre claro
até mesmo um nome raro
pra instituir o sabido quem sabe
mas o que não se sabia também

As letras todas
porém uma a uma
se ajuntam sós ou se repetem
criando sempre um sentido novo
para a construção de uma palavra
que na lavra das línguas
criam castiças figuras
que pronunciam-se a revelia
de quem queria construir
uma palavra ou um expressão
pra revelar ou escamotear
o irrevelável das construções
que se fizeram a revelia
de quem achava que se sabia

Como nos limites dos alfabetos
poucas letras pequeninos traços
constroem palavras para nomear
o tudo de todas as coisas
a palavra contorna o corpo
e dá-lhe um nome que faz-se próprio

algumas letras arranjadas
na genealogia de cada história
constroem uma memória
do que deveria ter sido
quem somente um dia
em tantos medos e assombros
era tão somente um vir a ser

a construção do próprio nome
perdeu-se sabe-se lá onde
menos ainda se lembra o como
mas que na relembrança
de se encontrar
busca-se reconstruir
nas letras todas
que um dia o nomeara

O nome completo
faz-se impronunciável
sem grafias que o diz perfeito
e na linha que o tempo traça
no contorno do alfabeto
falta sempre a letra certa
que deixou um hiato na palavra plena
a designar o Nome Próprio.

Uma pequenina letra
que escapou da escrita da palavra certa
constrói a falta de uma vida incerta
que mortifica quem tem Nome Próprio
transformando em projeto de vida
uma busca incessante
pela letra um dia perdida
quando no escorregão da grafia
certa letra caiu ao chão.

O destino do homem torna-se então
pra seu desatino e sua desdita
voltar aos tempos de menino
pra buscar sabe-se lá aonde
o nome da letra que escapara
quando fora então nomeado
e impedira por todo o sempre
a construção do Próprio Nome.

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Ser Pai no séc. XXI

“Mater semper certa est, Pater autem incertus”

“A Mãe é sempre certa, o Pai, porém, é incerto.”  _ Adagio Romano

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A mãe é certa, o pai é dado. Pai é aquele sujeito que a mãe nomeia para seu filho como sendo o seu pai. Na antiguidade dependia-se da anunciação da mãe para que se soubesse, biologicamente, quem era o pai de seu filho. Na pós-modernidade não há mais esta necessidade. Um exame de DNA é suficiente para anunciar, ou denunciar, a paternidade biológica, porém… Porém este adágio ainda vale e, mais do que nunca, traduz uma verdade quando não mais nos referimos a questão biológica e sim falamos de questões afetivas, responsáveis pela estruturação de um sujeito. Isto quer dizer que o pai vai além do biológico ou mesmo prescinde do biológico. Quer dizer que ser pai é estar investido de uma função e esta função precisa, necessariamente, ser reconhecida pela mãe. A mãe precisa autorizar a existência deste pai conferindo-lhe autoridade perante os filhos, conceder-lhe um lugar efetivo de parceiro no processo de formação dos filhos. A mãe pode até discordar, mas

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Sobre a Ditadura da Beleza

Beleza é uma qualidade do que é belo. E o belo, o que é? O belo é aquilo que, harmonicamente, proporciona deleite àquele que com ele se depara porque além do exterior que seduz e persuade há um interior que encanta e fascina.  E isso acresce algo da ordem do humano àquele que o belo contempla. Por isso o belo pressupõe forma e conteúdo. O vazio pode sim, ser belo, desde que no contexto em que se apresenta sugira uma reflexão, um conteúdo, uma possibilidade de, dialeticamente, refletir algo

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Sobre a Ditadura da Felicidade!

fotosda hora.com.br

Para o Houaiss, ditadura, em sentido figurado quer dizer “excesso de autoridade ou de influência que algo ou alguém exerce sobre um conjunto de pessoas”. Desta definição podemos depreender que ditadura é algo que alguém impõem a outrem. E é também isso. Porém, quero refletir sobre um outro tipo, um outro modo de se praticar a ditadura. Uma ditadura que  o sujeito se impõe, uma ditadura que por vir da imposição do próprio sujeito sobre ele mesmo, decorrente da falta de consciência

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Escolhas

IR OU VIR – foto gilberto rodrigues

O nosso dia-a-dia, os rumos que tomamos na vida, os amores que acolhemos ou aqueles que desprezamos, os que vivemos ou os que não deram certo; as características que terá ou que não terá nossa vida é decorrência das escolhas que fazemos ainda que não tenhamos consciência de cada uma dessas escolhas, ainda que não saibamos o que está, de fato, por detrás de cada uma delas, ainda que em muitas vezes até imaginamos que não estamos escolhendo. Tudo o que somos e como conduzimos nossas vidas é, indubitavelmente, resultado das nossas escolhas. Repito, sejam estas conscientes ou

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VÍDEOS E ENTREVISTAS

Assista aqui vídeos de apresentações em congressos, seminários, programas de entrevista e reportagens que abordam temas relacionados ao comportamento humano e o papel do psicólogo. 

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