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Jardim de Rosas Amarelas


Uma rosa amarela
por entre o esvoaçar dos seus cabelos
leva-me ao longe mais longe dos longes
onde ainda repousa  a memória
lá bem perto de onde um dia
saboreei o amor e vi-me feliz em seus olhos

Hoje alegremente entristecido
daquele jeito por saber-me capaz de amar
e de viver um intenso e grande amor
deste por não alcançar a minha mão
o seu corpo devotado aos nossos prazeres

Lembranças levam-me indefeso
a longínquos tempos de sonhos dourados
e o coração pulsa em descompasso e medos
ao vislumbrar na memória segredos
prazeres desejos e sonhos

 

O tempo do amor desconcerta a lógica
tão necessária pra suportar meu peito
os devaneios as explicações
tão necessariamente inúteis

 

As pétalas daquela rosa amarela
aconchegam-se desidratadas entre páginas
amarelecidas e empoemadas de um livro velho
tão antigo como nossa história
a perfumar versos que resistem ao tempo
insistentes em alinhavar um poema
que se pudesse por milagre ou por magia
faria destas rotas e envelhecidas páginas
ressurgir  o viço das pétalas das rosas
para amarelá-las outra vez
com beleza aroma e sabores
como se assim também pudesse
recortaria o tempo em retalhos largos
para emendá-lo com arremates fortes
naqueles remendos que se perderam
lá onde um dia de lembranças doridas
rasgou-se a nossa história
lá onde ficaram petrificados
separados e desentendidos
em dores de amor nossos corações
lá onde ficaram esfaceladas
tantas promessas e juras
na fragilidade de nossas almas
ainda tão tênues e prenhes de jovialidade
massacradas sem piedade nem dó
a nossa revelia que em desespero silenciamos
lá perdeu-se um grande amor com sonhos de ser só feliz
que como o botão de uma flor
era uma promessa de beleza e esplendor
no aroma que relembro ainda umedecido
no sabor daquele nosso derradeiro beijo

 

Uma lágrima escorrega inadvertida
sobre uma pétala ressecada
e revela um verso entristecido
que desvela as memórias da nossa história

 

E dali se eleva um aroma que acarinha meu corpo
então rearranjo a rosa fecho o livro enxugo o rosto
e olho pela janela o tempo...
Vai chover daqui a pouco
no jardim de rosas amarelas

 

Enquanto viver passearei todos os dias ao entardecer
por entre espinhos lembranças pétalas e beija-flores
pelo jardim de rosas amarelas

 

Meus cabelos em desalinho exalam versos
e o vento tumultua o tempo e o tempo
todos os aromas da história com suas cores
no presente com os sabores das fantasias...

 

Não consegui guardá-los nas páginas amarelas
daquele velho livro de poesias
nem consegui empoemá-los...
Não consegui arrancá-la do meu coração
menina que leva entre os cabelos esvoaçantes
uma bela rosa amarela que não murcha enquanto o tempo passa.
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2 Responses to “Jardim de Rosas Amarelas”

By Júnia Freitas - 23 junho 2012 Responder

Parabéns… muito lindo o poema!!!

By Giuli - 4 fevereiro 2014 Responder

“Rosa” minha prefirida! Lindo!

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