Um Jardineiro Angelical
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Um anjo plantou uma roseira em meu jardim E ao romper da aurora foi-se embora com a lua branca Deixando-a prenhe de amor em meu colo a germinar Deixando-me enquanto promessa Eu como única possibilidade de mim Sequer perguntou-me se já fora um dia um jardineiro Sequer deixou-me instruções para cuidá-la assimVi-me então sem chão seu chão sua seiva e seu destino Vi-a crescendo em mim com a calma quotidiana do entardecer Amanhecido ia sempre a saudá-la em desatino Com o desejo de decifrar seus segredos e seu crescer Com o desejo de vê-la um dia se realizando em botão
Seu desabrochar ignorava a pressa e os desejos do meu coração Fiz-me cuidado para cuidar-lhe apesar dos espinhos Tornei-me brisa água acalento sustento pro seu pulsar Fertilizava suas raízes orvalhava suas folhas e ramagens Esperando que um dia me acenasse desabrochado um botão
Não sei qual fora o tamanho do meu descuido Ou quão enorme terá sido a minha rendição Mas numa manhã misturando suas cores com as do sol Pétalas orvalhadas desabrocharam rubras para mim Descobri então em meio àquele jardim de uma flor só Que ser jardineiro não é mais o que eu quero ser Uma rosa angelical ensinava-me então ao meio dia Em meio à alegria de um desabrochar inexplicável Que bastará agora que a cultive em mim com todo o meu amor Pois o entardecer se vislumbra diante dos meus olhos
Até vir a noite calma e pousar mansa a sua luz Cuidarei da rosa desabrochada do seu destino e sua cor Até que transformado em amor fecundarei minha alma Para então sem dor sem sonhos promessas ou lembranças Despertar-me no colo do universo que me espera fértil dentro de mim.
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