Lembranças
Podem os sonhos bailar livres dos medos de se perderam
E encaminhar seus destinos pra outras paragens
Com esperança de que há uma nova aurora a alvorejar
Quando a lembrança vem e não me deixa com pesares
Enrolo os registros da memória e retiro-os das paredes
Pois não cabem mais pendurados em minhas molduras
Marcando um tempo que um dia eu quis fosse infinito
Quando a lembrança vem e conto-a como se fosse um conto
Espanto-me por não vê-la tão intensa nem tão importante
Riu-me por ter sofrido dores de desespero infindo
E lamento ter visto tanta beleza onde tão pouco de belo havia
Quando a lembrança vem e já não consigo deslumbrar-me
Fico atônito por sempre ter visto tanta coisa tão igual
Fico aliviado por ter-me dissipado de uma miragem
Que mirei em ti com as cores do que era ideal dentro de mim
Quando a lembrança vem e já nem tento mais evitá-la
É porque sua importância em minha alma já se esvaiu
E você não passa mais de um desejo que fora um dia
De realizar-me na possibilidade de nossos encontros.
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