DesatAdor
Pontas de laços esfaceladosenlaçam-se em minhas pernas
atam-me as mãos
entrecortam-me a voz
entrelaçam-me a alma
por este tortuoso caminho que faço
deparando-me com fantasmas e sombras
que ainda cobertos com seus véus
esgarçados e esmaecidos
circundam meus passos incertos
na certeza deste caminho
A cada passo tropeço me refaço
revejo fios que teceram nós
que emaranharam-me desde sempre
amarraram a palavra certa
que nas incertezas de mim
roubaram meu nome o único nome
pelo qual poderia alguém me chamar
Quero a voz para poder dizer-me
mas as letras que escrevem meu nome
encontram-se embrulhadas em celofane
enfeixadas cada qual num nó quase cego
a espera que os desate ainda em minha cegueira
cada qual cada um todos eles
alguns tão antigos outros só refeitos
nós perfeitos mas desfeitos facilmente
se os nomeio os desato
A dor desfeita faz-se alegria
nas pontas dos dedos
e na ponta da língua
balbucios soletram tímidos sons
banhados numa língua nova
que inova os passos os braços
a alma e a voz.
Prezado Gilberto, desculpas pelos contra tempos. Entretanto, somente agora, tive à oportunidade de ler e conhecer seu blog. Parabéns, está excelente.
Precisamos falar sobre a 2ª edição do livro, aguardo seu contato.
Abraços e sucesso.