Da Flôr do Ipê

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foto Gilberto RodriguesComo quem que cochilava

Recostado num Ipê desnudo

O Curupira matutava

Na maldade que há no mundo

 Fazia tempo e num atinava

Num modo de proteger

Dos homens que ali chegavam

Aqueles belos pés de Ipê

 

 Na passagem de estação

Ficava o Ipê desprotegido

Sem folhas até dava a impressão

De que havia mesmo era morrido

 

 Num pulo salta o Curupira

Saltitante de alegria

E de sua alma tão caipira

Vem a resposta que carecia

 

 Se o homem corta o pé de Ipê

Porque parece que ele morreu

Já sabe o Deus das matas o que fazer

Vejam  só o que se sucedeu

 

 Sai o Curupira caminhando

Com seus pés virados mata fora

 E com cada árvore vai assuntando

Sobre os segredos da sua flora 

 Acharam logo a solução

Pra todo Ipê poder salvar

Quando chegasse a estação

E ele tivesse que se desfolhar

 

 O Deus das matas se apressou na decisão

De cobrir o pé de Ipê com flores das mais belas

Tão logo sua última folha fosse ao chão

Floresceria o Ipê lindas flores amarelas

 

 Então todo mundo admirava

O Ipê que ficou de rara beleza

O homem então não mais lhe cortava

E até fez dele símbolo da natureza

 

 Quem sabe tudo desse acontecido

É o Caipora, dos animais o protetor

Que se alembra ainda desse ocorrido

E dia desses tudo isso me contou.

 

NOTA DE PESAR: Com grande Tristeza registro aqui, contrariando o sonho do Curupira, que em agosto de 1998, em Queluzito, MG, ( ver poema Minha Terra, em PERFIL) foi cortado um pé de Ipê secular, enquanto por alí passávamos em cavalgada, coberto de flores amarelas, apenas para que não fizesse sombra num telhado e para aproveitar o terreno para aumentar uma construção.

O homem compreende cada vez menos a si mesmo e projeta na natureza a sua raiva.

O Curupira está sendo vencido pela estupidez humana.

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